Glossário
Âncora: supostamente usada para parar o barco, também faz sumir toda a corrente e o cabo quando não amarrada corretamente.
Armengue: concerto provisório tornado definitivo; o mesmo que gambiarra.
Bar: perigo à navegação. Acaba com os passeios de fim de semana.
Barco a vela: meio de transporte mais lento, mais desconfortável e mais caro que existe no mundo.
Bomba de porão: aparelho elétrico usado para acabar com a carga das baterias. Só funciona quando o barco não está fazendo água.
Canela: dispositivo para se encontrar móveis em um barco no escuro.
Calmaria: quando desaparecem, simultaneamente, o vento e a última cerveja.
Carvalho: tripulante presente em quase todos os barcos de regata.
Catamarã: salão de festa enorme construído sobre dois cascos esguios, presos lado a lado por fortes travessões.
Circunavegação: quando um circo entra num barco e fica rodando pelo mundo.
Churrasco: comida preferida dos cruzeiristas, principalmente quando navegando em flotilha.
Cockpit: espaço onde todas as cordas se embaralham formando um ninho de cobras.
Comandante: aquele que tem toda a culpa e que pode, portanto, colocá-la em quem bem entender. Não confundir com cumandante que é o comandante bundão.
Cruzeirar: consertar o barco em cenários paradisíacos.
Ecobatímetro: instrumento que serve para informar, com precisão, em que profundidade estava a pedra em que você bateu.
Encarnado: como os marujos chamam a cor vermelha.
Enjôo: doença que afeta os marujos. Primeiro o cidadão passa tão mal que fica com medo de morrer; depois a coisa continua e ele, desesperado, tem medo de não morrer!
Escala de Beerfort (via Pepe Fuera de Borda):
Força 0 | Velas pendem frouxas; latinhas podem ficar na braçola. |
Força1 | Velas começam a encher; latinhas são degustadas sem problemas. |
Força 2 | Velas enfunam, barco aderna; latinhas vão para o piso do cockpit. |
Força 3 | Velas enchem de vez; latinhas precisam ser apoiadas ou seguradas. |
Força 4 | Latinhas começam a rolar no cockpit, batendo umas nas outras. |
Força 5 | Todas as latinhas que rolam pelo porão devem ser apanhadas. |
Força 6 | Ninguém consegue segurar mais de uma latinha por vez. |
Força 7 | Pacotes de latinhas deslizam pelo cockpit. Alguém precisa sentar nelas. |
Força 8 | Começam as dificuldades para colocar a latinha na boca sem desperdiçar. |
Força 9 | Latinhas são seguradas com as duas mãos. Difícil é abrir outra assim. |
Força 10 | Torna-se necessário dois tripulantes para abrir uma latinha. Impossível achar a boca. |
Força 11 | A cerveja espirra para fora da latinha. Lábios se partem e dentes se quebram. |
Força 12 | Impossível acertar a boa. Melhor parar (temporariamente) de beber. |
Escotilha: abertura na cabine, usada para iluminação e ventilação, mas que também deixa a água entrar.
Fazer Água: quando toda a parte líquida do globo terrestre tenta entrar no barco. Uma embarcação fazendo água de forma incontrolável é a maneira mais rápida de transformar um marujo num náufrago.
Gaiato: aquele que embarca em um navio, que entra pelo cano.
Gaiúta: equipamento igual a uma ratoeira, sempre cai no dedão do pé do gaiato.
GPS: instrumento eletrônico que permite navegar até perder a Terra de vista, quando, então, as baterias acabam.
Hélice: equipamento andrógino que faz o barco andar; costuma perder as pás e enganchar em redes de pesca.
Jaqueísmo: doença que ataca os cruzeiristas. O sintoma é transformar um simples reparo numa interminável lista. Já que mexemos nisso, vamos trocar aquilo, e assim vai…
Lanterna: equipamento onde se guardam pilhas descarregadas antes de jogá-las fora.
Leme: normalmente é a primeira parte do barco que cai, quando se bate numa pedra.
Moitão: moita grande, lugar em terra para onde os marujos correm quando o banheiro do barco para de funcionar.
Nave Mãe: barco líder da flotilha. No nordeste é chamado de Nave Mainha.
OFNI: objeto flutuante não identificado; barco esquisito.
Pedra: coisa inventada pela natureza para tirar as quilhas dos barcos.
Posição Estimada: ponto marcado na carta náutica onde você tem certeza que não está.
Porão: armário embaixo do piso usando para guardar água, diesel, óleo de motor e cabelo da tripulação – tudo misturado.
Quilha: barbatana enorme que vai embaixo do veleiro, serve para encalhar o barco em águas rasas.
Retranca: barra horizontal presa ao mastro que serve para bater na cabeça dos tripulantes, por isso, em inglês, ela é chamada de boom.
Sotavento: lado do barco que é usado para fazer xixi no mar. Nunca, em hipótese alguma, use o barlavento, ou vai molhar os pés.
Trimarã: um veleiro de muletas.
Velejar: arte de ficar molhado e enjoado enquanto se vai lentamente a lugar nenhum a um custo altíssimo. O mesmo que ficar vestido sob um chuveiro frio, com um ventilador ligado na cara e rasgando notas de 100 reais.
Para estes e outros termos técnicos consulte o Glossário do MaraCatu. Se você tem algum outro verbete digno de nota, deixe na caixa de comentários.
A história do barco naufragando você vê no post Parece, mas não é. A tirinha da moita eu pesquei no blog Ti-rinhas de Rob Maia e o veleiro nas pedras é do UOL Notícias / Foto: SNSM – Saint-Quay-Portrieux/AFP.
Glossário interessante! Bem ao seu estilo!
Parabéns!
Abraços
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Augusto,
Grato meu caro. O que achou da definição de catamarã? Concorda, ou sem corda?
Bons ventos sempre,
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Achei que trimara era veleir com rodinhas!!!!!
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Ernesto,
Chamar os multicascos de veleiros de rodinhas é coisa dos papas-jerimuns.
Procure aqui http://diariodoavoante.wordpress.com/ ou acolá http://www.papodevelejador.blogspot.com que você acha.
Bons ventos sempre, com ou sem rodinhas…
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Eita glossario arretado!
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Antonio,
Também achei porreta.
Viu a cutucada que dei na turma de Natal (você inclusive) na resposta acima?
Guarda as aceloras pras roscas que um dia eu chego.
Bons ventos sempre,
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Adorei! Muito bom! kkkkk Vou divulgar !
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Georgia,
Que bom que gostou. Me incentiva a escrever mais abobrinhas aqui.
Muito grato pela divulgação. Apareça sempre, vira e mexe tem coisa nova.
Bons ventos sempre,
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Sugestão para enriquecer (?) o Glossário:
Comandante : um cara que se acha o máximo e sempre sabe em quem botar a culpa se algo der errado a bordo. Não confundir com cumandante que é o comandante bundão.
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Ivan, o pitaqueiro
Grato pela colaboração. Vou esperar outros pitacos pra incluir tudo junto.
Gostei do cumandante, mas como este blog é de família e politicamente correto, não sei se devo inclui-lo.
Estarei no Rio. Vamos ver o U2 no domingo, 9:30, no cinema novo da Lagoa?
Bons ventos sempre,
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Com a devida permissão [ainda que sem ela], deixo uma remexida na proposta do Ivan, com pitada de Hommer Simpson: Comandante: aquele que tem toda a culpa e que pode, portanto, colocá-la em quem ele quiser.
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Xará,
Tá ficando bacana a definição de comandante. No MaraCatu eu sou o co-mandante (você deve saber: minha mulher manda e eu, que não sou bobo nem nada, faço que obedeço).
Bons ventos sempre,
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esto procurando velero para viajar de sudamerica a europa
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esto procurando velero para viajar a europa, comparto gastos
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Joanhvalles,
Pode deixar, se eu souber de algum veleiro subindo para a Europa entro em contato (aqui e pelo seu e-mail).
Grato pelo comentário e bons ventos sempre,
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O melhor de todos:
Cruzeirar: consertar o barco em cenários paradisíacos.
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Obrigado João Paulo,
Se souber de outra definição para algum termo náutico, compartilhe aqui neste espaço. Mas lembre-se: sempre com um quê de humor!
Bons ventos sempre,
Hélio
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